Centro de Estudos e Pesquisa sobre Álcool e outras Drogas

Palavra da SOUZA CRUZ

 

"A única maneira de evitar o risco à saúde associado ao ato de fumar é NÃO FUMAR e a melhor forma de diminuir esses riscos é PARAR DE FUMAR."

A disseminação do consumo de produtos derivados do tabaco, em todas as suas formas (rapé, cigarros de palha, charutos, cigarrilhas, fumo de rolo, etc.), remonta a tempos bem anteriores à existência das atuais empresas fabricantes de cigarros.

Igualmente, os riscos à saúde associados ao consumo de cigarros são de conhecimento da população em geral e vêm sendo publicamente reforçados nos meios de comunicação de massa em todo o mundo e, notadamente, na sociedade brasileira, pelo menos desde o século XIX.

sso significa que os cigarros correspondem a uma categoria de produto que está estabelecida no mercado e na sociedade há tanto tempo que o produto em si, a sua forma de uso, bem como os riscos associados ao seu consumo, são amplamente conhecidos tanto pela população em geral, como pela comunidade médica e pelo próprio Estado que, ciente de se tratar de produto de risco inerente, autoriza e fiscaliza a sua comercialização, mediante a imposição de elevada carga tributária e restrições regulatórias.

Os riscos à saúde com o consumo do cigarro advêm da epidemiologia. A epidemiologia é uma ciência baseada em estatísticas, que lida com os riscos entre grandes grupos de pessoas ao invés de indivíduos. Através de questionários e observações de pessoas, os estudos epidemiológicos são capazes de identificar a incidência de doença em um determinado grupo, como os fumantes, e compará-la com a incidência em outro grupo, como os não-fumantes.

No curso dos anos, os estudos epidemiológicos identificaram de forma consistente uma incidência muito maior de  determinadas doenças entre fumantes em comparação com os não-fumantes. Esses estudos também relatam que os riscos se reduzem após abandonar o consumo do cigarro e que, quanto mais cedo se parar de fumar, mais se reduzem os riscos.

Tradicionalmente, a epidemiologia é usada para identificar associações que apontam para possíveis causas de uma doença,  mostrando o caminho para investigações laboratoriais minuciosas. Com relação ao consumo de cigarro, as inúmeras investigações laboratoriais realizadas no decorrer dos tempos mostraram ser mais problemáticas, e a ciência  até hoje não foi capaz de identificar os mecanismos biológicos que expliquem com certeza absoluta os resultados estatísticos que vinculam fumar cigarro a determinadas doenças, nem foi a ciência capaz de esclarecer até o presente momento o papel que determinados componentes do cigarro desempenham nesses processos de doenças.

A ciência ainda não conseguiu determinar quais fumantes desenvolverão uma determinada doença associada ao consumo de cigarros e quais não a desenvolverão, nem qual foi o fator determinante para o seu desenvolvimento, tampouco precisar se um indivíduo desenvolveu determinada doença exclusivamente em decorrência do consumo de cigarros. Isto se deve, em parte, ao fato de que as doenças associadas ao consumo do tabaco são multifatoriais, ou seja, existem diversos outros fatores - além do consumo do cigarro - que também estão associados ao desenvolvimento dessas mesmas doenças como, por exemplo, obesidade, hábitos alimentares, sedentarismo, exposição ambiental e ocupacional, fatores genéticos e hereditários, exposição a outros produtos, histórico médico e estilo de vida, não sendo possível determinar qual dos fatores de risco envolvidos foi o responsável por uma doença em particular, até mesmo porque as doenças associadas ao consumo de tabaco também se desenvolvem em indivíduos que nunca fumaram.

A única maneira de evitar o risco à saúde associado ao ato de fumar é não fumar e a melhor forma de diminuir esses riscos é parar de fumar.

 

Fonte: Souza Cruz

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